O território onde hoje se localiza o município de Frei Miguelinho, no Agreste de Pernambuco, integrou por muito tempo a faixa de interiorização que conectava o litoral açucareiro às rotas de pecuária e abastecimento do sertão. Sua ocupação se consolidou gradualmente, com a abertura de caminhos, a instalação de pequenas propriedades rurais e a formação de povoados em torno de capelas, feiras locais e pontos de água. Registros de memória local citam o antigo topônimo Olho d’Água de Onça, vinculado ao povoamento nas proximidades do Riacho Topada, afluente do Rio Capibaribe.
A região, marcada pela caatinga e por suaves elevações, favoreceu o ciclo da agropecuária de subsistência e o plantio diversificado, formando uma base econômica modesta e resiliente. No entorno das antigas fazendas e sítios, emergiu um núcleo comunitário que, com o tempo, ganhou vida própria, identidade cultural e centralidade nas trocas comerciais com localidades vizinhas.
Ao longo do século XX, o então povoado — ligado a municípios maiores da região — evoluiu em infraestrutura, serviços públicos e comércio, fortalecendo sua posição como polo local de circulação de bens e pessoas. Esse progresso, refletido na criação de escolas, mercados e na organização comunitária, pavimentou o caminho para o reconhecimento político-administrativo.
A emancipação municipal coroou um processo de afirmação social e econômica, expressão do desejo da população por autonomia na gestão do território, dos recursos e das prioridades de desenvolvimento. Desde então, Frei Miguelinho consolidou suas instituições, ampliou a rede de serviços e afirmou uma cultura cívica que valoriza a participação popular e a cooperação entre comunidade e poder público.
O município recebeu o nome de Frei Miguelinho em homenagem a Miguel Joaquim de Almeida Castro (Padre Miguelinho), personagem associado à Revolução Pernambucana de 1817 e aos ideais de liberdade e cidadania. A denominação do antigo distrito foi oficializada pela Lei Estadual nº 1.931, de 11 de setembro de 1928. O topônimo expressa um norte ético para a vida pública local.